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- Author: motostorybr
- Posted: November 1, 2017
- Category: Histórias
Os especialistas: parte 1
Ao longo da trajetória de mais de 100 anos de história no Brasil, as motocicletas foram abrindo caminho, criando rotas, arrebanhando fãs, gerando negócios, proporcionando experiências. Era natural que tudo isso fosse transformado em notícias e que estas fossem sendo publicadas, difundidas ao longo dos anos.
No começo de tudo não havia ainda os especializados. Tudo era novidade e aquele monstrengo de duas rodas e um motor barulhento e fumacento, ia aos poucos ganhando, ou curiosos, ou fãs mesmo, e, lentamente, cobrando cada vez mais espaço.
No princípio do século XX, as motos começaram a aparecer nos jornais impressos, os poderosos meios de comunicação da época. Aos poucos, muy lentamente, a paixão pela motocycleta foi crescendo, e o numero de adeptos e fãs também. As agremiações, clubes, grupos e competições foram surgindo. Os negociantes, os aficcionados, os corredores e primeiros ídolos, passaram a “precisar” de um espaço para chamar de seu. Assim, foram criados os primeiros veículos de comunicação especializados.
Como não cansamos de repetir, o primeiro veículo especializado de que temos notícia (sempre existe a chance de encontrarmos algo ainda mais antigo), se é que podemos chamar de especializado, foi um Semanário publicado no Rio de Janeiro, então capital federal, chamado Fon Fon. Não era especializado em motos, nem propriamente em carros, o principal chamariz na época do primeiro editorial em 13 de Abril de 1907, mas uma revista de actualidades, muito bem humorada por sinal.
Para explicar melhor a vocação da publicação, nada como repetir aqui tanto as explicações técnicas, como o primeiro editorial. Impagáveis!
FON FON
SEMANÁRIO ALEGRE, POLÍTICO, CRÍTICO E ESFUSIANTE
Noticiário Avariado, Telegraphia sem Arame, Chronica Epidêmica
Tiragem: 100.000 kilômetros por hora
Collaboração de graça, isto é, de espírito
FREGUESIA
POUCAS palavras apenas, á guiza de apresentação.
Uma pequena… “corrida”, sem grandes dispendios de “gazolina”, nem excessos de velocidade.
Para um jornal agil e leve como o FON FON!, não pode haver programma determinado (devíamos dizer distância marcada).
Queremos fazer rir, alegrar a tua boa alma carinhosa, amado povo brasileiro, com a pilheria fina e a troça educada, com a gloza innofensiva e gaiata dos velhos habitos e dos velhos costumes com o commentário leve ás cousas da actualidade.
Em todo caso, isto já é um programma, felizmente, fácil de cumprir, muito mais facil do que qualquer outro, com considerações a attender, e preconceitos a respeitar.
O editorial segue, mas se voce quiser saber mais sobre o FON FON vá em https://goo.gl/p5Qt4z
Esta certo que não se trata da primeira publicação a falar especificamente de moto, mas uma generalista bem humorada e antenada em “actualidades da vida modernna” como Automóveis e Motocycletas, recém chegadas ao país.
Depois de Fon Fon temos um hiato ainda por desvendar.
Já nas décadas de 40 e 50, duas publicações abordavam o tema com profundidade e assiduidade, estas sim focadas no tema. O Jornal “O Guidão“, que tinha como tema bicicletas e motocicletas, e a Revista “Motociclismo“, esta focada apenas em motos.
Ambos foram publicados por um bom período até que seus rastros desapareceram. Dos exemplares que temos em nossas mãos não conseguimos extrair informações sobre os editores de O Guidão, mas na edição No1 da Motociclismo, sua equipe aparece com destaque.
Em 1974, depois de longo e tenebroso inverno sem especializadas, e impulsionada pela chegada das fabricantes japonesas Yamaha e Honda, e posterior inicio da produção nacional de motocicletas, a editora Chacaras e Quintais decide ousar e lança “2 Rodas Motociclismo“. Era o início da produção nacional de motocicletas, mas ainda assim era possível “vender” esporte e emoção na capa.
Hoje, olhando para os títulos que viriam em seguida, e as transformações editoriais dos produtos que resistiram ao tempo, é possível notar claramente uma mudança no perfil do mercado consumidor (não apenas de revistas) e na forma como o “mostrar a motocicleta” foi mundando ao longo do tempo.
Na década seguinte novas empresas resolvem entrar no mundo editorial especializado em moto. Com o mercado ainda fechado aos produtos importados e com uma indústria nacional se fortalecendo, o glamour das motos grandes e das competições com motos especias nas capas, vai gradativamente dando espaço ao “produto” motocicleta. Ainda assim, na cabeça do consumidor a motocicleta segue significando sonho. É possível perceber a mudança de comportamento editorial, migrando do “life style para poucos” em direção ao “transporte para muitos”, o que por si só significa mudança no estilo de vida do motociclista brasileiro. Ainda assim, comprar revistas não é hábito das grandes massas, por isso mesmo elas permanecem relativamente elitizadas sem nunca tirar os olhos das motos de sonho.
Na virada dos anos 80, uma nova leva de publicações especializadas é lançada, com a chegada de Moto 4 Rodas, Motocross (mais tarde Motosport) e ainda a Motoshow.
Na década seguinte, anos 90, mais mudanças com a chegada da A revista da Moto!, Dirt Action e Motociclismo.
O crescimento vertiginoso do mercado de motocicletas e a reabertura das importações dá um novo impulso também ao mercado editorial, que passa a se diversificar. Diferente da Revista Motocross (mais plural e que se transformou em Motosport antes de fechar), a Dirt Action vem focada 100% no fora de estrada. Muito esporte, produtos e pilotos, mas 100% terra. Uma ousadia que se mostrou certeira, já que a revista segue, apesar dos desafios. Veja mais em http://revistadirtaction.com.br/
Os anos que se seguiram foram os mais prósperos para o mercado de motocicletas. O Brasil seria reconhecido como potencia mundial e praticamente todas as marcas de moto acabaram aportando por aqui. Muitas através de importadores oficiais, para depois assumirem como subsidiárias.
Mais marcas e mais modelos disponíveis permitiram uma nova guinada no mercado editorial. Surgem novos títulos ainda mais segmentados, com nova abordagem editorial. Também o crescimento da internet é uma realidade transformadora. Os primeiros sites ganham espaço e, num passado mais recente, os indivíduos, através das midias sociais, passam a ter relevância como Digital Influencer, uma nova abordagem para a comunicação, ainda em fase de maturação. Mas isto tudo é tema para a próxima.
Nota do Editor de Motostory: “Antes que alguém fale alguma coisa, cabe reforçar que muito mais publicações do que as que aqui estão aconteceram ou acontecem ainda durante todos estes anos, em diferentes formatos. Estamos providenciando mais imagens e capas e prints para publicarmos a segunda (ou terceira, quarta…) parte, em um novo post, sem esquecermos dos jornais especializados que tivemos. Na próxima, falaremos das revistas lançadas à partir de 2000… E ainda temos jornais, sites… por isso, calma, ok?”
Muito bem, parabéns Carlãozinho pelo trabalho. Gostei de ver.
Obrigado Mestre… jamais esquecerei quem me deu o primeiro espaço para que eu participasse da revista, primeiro pilotando para as fotos e cliques do Mario Bock antes mesmo da maioridade (só motos off-road no começo), depois nas motos de rua, depois escrevendo. Obrigado amigo, sempre.
Desde 1976 eu acompanho a linha editorial da Duas Rodas, quando fui a distribuidora adquirir as 11 edições anteriores. Mal sabia que no futuro fosse me especializar, mesmo por que saí com minha mãe para ir comprar uma Caloi 10 – eu era gordinho, e a diferença de preço para uma Mobylette era ridícula e minha mãe ofereceu a Lette. Ai foi unir a teoria a pratica.
Mano Marcel, você é um dos bons amigos que conquistamos ao longo dos anos… Um dos especialistas da área com uma rica história para contar… que tal dividir com os leitores de Motostory? Seu espaço aqui está sempre aberto… sempre!
Parabéns Carlãozinho, cade vez mais seu trabalho cresce e o mundo da Motocicleta no Brasil vai aparecendo gradualmente.
Já passei a você mais um ou dois jornais que apareceram nos anos 70, mas infelizmente duraram pouco tempo no mercado. Depois você poderia encaixar nessa matéria.
Continue sua jornada e conte comigo sempre.
Um abração
Obrigado amigo… voce sempre no apoio ao Motostory… um embaixador de primeiríssima linha!
Nossa! que legal ler essa página e rever algumas capas de revistas que li ao longo da vida.
Parabéns pela iniciativa e pelo trabalho. Estou escrevendo um livro sobre a viagem que fiz de Brasília ao Ushuaia e de lá até o Alasca. Somente eu e minha esposa, solitários durante 1 ano na estrada e citando a Revista Moto 4 Rodas dos anos 1980 fui pesquisar para rever e achei aqui no seu site.
Mais uma vez obrigado e a história não existiria se não fosse por pessoas como você que se dedica a manter esse acervo para todos.
Grande abraço e felicidades para você.
PS. Até pouco tempo eu tinha o Psoter da CBX 1000 Prolink que veio com a Revista
Quel legal Claudio, que bom que voce gostou… este é o principal propósito de nosso trabalho: manter viva e divulgar a nossa história… compartilhe sem moderação… aproveite e de uma olhada também em http://www.motostoryshop.com.br , nossos produtos do Motostory Collection são uma poderosa ferramenta para contar a História e também uma forma de financiar nosso trabalho. Quando tiver o livro não deixe de contar para a gente… podemos ajudá-lo a divulgar. Grande abraço!