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- Author: motostorybr
- Posted: July 26, 2017
- Category: Personagens, Vídeos
- Tags: Abraciclo, Chaquê Ganatchian, Flavio Grana, Honda, Masuo Murakami, Motostory – A História da Motocicleta no Brasil, Ricardo Kazumi, Virginia Ganatchian
Arigatoo gozaimasu Murakami San!
Tenho repetido em alguns encontros que o Tempo é muitas vezes o maior inimigo do Motostory. Ele passa de forma implacável e leva consigo gente preciosa. Cada vez que um dos nossos parte, fica sempre aquela sensação de que poderíamos ter feito mais. Ele passa e nos deixa com a sensação de estarmos atrasados, devendo.
Recebi a notícia da morte de Masuo Murakami através de um post do amigo e jornalista Roberto Agresti. Não foi exatamente uma surpresa para mim o seu falecimento, já que sua saúde demandava cuidados especiais há um bom tempo, mas foi certamente uma enorme perda para todos nós. Daquelas que leva consigo um pedaço importante da nossa história.
Para a arrasadora maioria dos motociclistas brasileiros, o Sr. Murakami, ou Mura, carinhosamente chamado por amigos e colegas, é um completo desconhecido. Mas, se hoje o Brasil conta com um parque circulante com mais de 25 milhões de motocicletas, em sua grande maioria (22 milhões) da marca Honda, então esta grande maioria de motociclistas deve muito a este homem.
Por anos, desde que comecei a participar ativamente do mercado de motocicletas, sempre me perguntei: Porque a Honda é, no Brasil, tão superior à Yamaha? O que teria acontecido para que chegassem a tamanha diferença, se as duas chegaram ao Brasil praticamente na mesma época? A Yamaha instalou sua subsidiária em São Paulo em 1970, mesma cidade escolhida pela Honda para se instalar em 1972. A primeira construiria sua fabrica em Guarulhos, SP, para começar a produção da RD 50 em 1974, enquanto a outra, que já havia adquirido também um terreno em Sumaré, SP para a construção de sua planta no Brasil, decide alterar os planos, atrasar o início da construção da fabrica e partir para Manaus. Manaus? Parecia uma loucura naquele momento uma mudança como esta, ou seria “o pulo do gato”? Porque? (Nota: A Honda iniciou a produção de sua CG 125 apenas em 1976, dois anos depois da Yamaha.)
Quando o projeto Motostory começou a ser um trabalho diário para mim, ainda em 2012, esta era uma das perguntas que precisava ser respondida. Porque a Honda decidiu seguir para Manaus na década de 70? Se era a decisão correta para a instalação das fabricas nacionais de motocicletas, o que o tempo tratou de mostrar que era, porque a Yamaha não foi também? Alguém na empresa sabia de algo.
Minha vida no motociclismo praticamente nasceu junto com a história destas duas empresas no Brasil, ainda nos aos 70. Desde muito cedo, especialmente quando passei a frequentar a redação das diversas revistas por onde passei, sempre escutava falar do “Tio Mura”. Um dia pude conhece-lo pessoalmente, foi em 1986. Ele já era então o presidente da ABRACICLO, entidade que comandou por longos 12 anos. (Para saber mais sobre a Abraciclo, vá em https://motostory.com.br/pt/abraciclo-40-anos-uma-historia-de-superacao-parte-1/)
Procurando entender os fatores que provocaram esta polaridade tão grande a favor da Honda, encontrei com as amigas Virginia e Chaquê Ganatchian, ambas ex-executivas da empresa. Elas me levaram até Kasuo Nozawa e depois até o apartamento do casal Mitika e Masuo Murakami. Foi então que algumas respostas começaram a aparecer.
Assista o vídeo com o bate papo informal e inédito entre o casal Murakami e Carlãozinho Coachman em 2013, no apartamento deles em São Paulo. Também estavam conosco naquele dia Ricardo Kazumi, o MI, sobrinho deles, motociclista, preparador e grande amigo, e as irmãs Virginia e Chaquê Ganatchian, a quem sempre serei grato pelo privilégio daquela tarde. Ao amigo Flavio Grana, mais uma vez obrigado pelas imagens.
Obs.1: A edição deste vídeo, de aproximadamente 10 minutos, foi feita à pedido da Abraciclo em 2016, quando da comemoração dos 40 anos da entidade. Uma parte ainda mais reduzida foi exibida no evento que homenageou Murakami pelos seus 12 anos à frente da entidade. O integral da entrevista e muito mais material postaremos aos poucos para contarmos a história deste verdadeiro agente transformador do mercado brasileiro de motocicletas.
Obs.2: Durante a gravação, muitas falas de Masuo Murakami e sua esposa Mitika Kato Murakami chamaram a atenção. Mitika falando sobre a amizade do pai dela Yasutomo Kato com Soichiro Honda, desde a juventude em Hamamatsu, e a relação que mantiveram a vida toda. Em outro ponto, Murakami disse “ter dado muita sorte na vida”, para em seguida dizer que foi o primeiro da turma da cavalaria do exercito, e que isto o levou a se tornar amigo de João Batista de Oliveira Figueiredo, então Coronel e mais tarde General e Presidente da República. Em outro ainda, por ter cursado a faculdade de economia na USP quando Delfim Neto e Fernando Henrique Cardoso eram assistentes. Coisa de gente sortuda.
Arigatoo gozaimasu Murakami San!