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- Author: motostorybr
- Posted: October 16, 2016
- Category: Personagens
Edmar Ferreira: Homenagem Motostory / ICGP Brasil
Por: LetraNova Comunicação / ICGP Brasil / Luiz Alberto Pandini
Edmar Ferreira será um dos homenageados no ICGP Brasil
Piloto goiano, uma das lendas da motovelocidade nacional, receberá homenagem durante o encerramento do campeonato mundial para motos de GP clássicas, dia 23 de outubro em Goiânia.
O goiano Edmar Ferreira, um dos grandes ídolos do motociclismo nacional na década de 1970, será um dos pilotos homenageados durante o ICGP Brasil, que acontecerá no dia 23 de outubro no autódromo de Goiânia. Várias vezes campeão brasileiro, Edmar é um dos pilotos brasileiros com passagem pelo Campeonato Mundial de Motovelocidade, tendo disputado as categorias 250, 350 e 500 cm³, além da 750 – realizada à parte do Mundial entre 1973 e 1979.
A paixão de Edmar pelo motociclismo nasceu na rua. “Antes mesmo de existir o autódromo, havia todos os anos havia uma corrida de motos no aniversário da cidade, dia 24 de outubro. Eu morava em uma das ruas que formavam o circuito”, conta. Em 1966, aos 18 anos de idade, Edmar começou a trabalhar como cobrador e convenceu seu patrão a financiar-lhe uma Lambretta para agilizar o serviço. Foi com ela que inscreveu-se para a primeira corrida de sua vida. Venceu a prova e recebeu de Luís Latorre, importadores da Ducati no Brasil, uma moto emprestada para disputar a categoria Força Livre, realizada no mesmo dia. Edmar ganhou de novo e tornou-se um vencedor constante nas provas realizadas em Goiás. Foi nessa primeira corrida que Edmar passou a utilizar o número 13, que o acompanhou até o fim da carreira: “Todo mundo evitava esse número por supostamente dar azar, mas a minha santa ignorância sobre isso me fez pegá-lo por ser o mais baixo entre os disponíveis!”.
Quando corria em outros estados, entretanto, as motos defasadas de Edmar não lhe permitiam grandes resultados. Paralelamente, tornou-se piloto de aviação – atividade que exerce profissionalmente até hoje “com qualquer avião, de monomotor a jato executivo”. Em 1973, Edmar trabalhava para o fazendeiro e empresário Heitor Carvalho (falecido há cerca de cinco anos), que decidiu patrociná-lo. Isso permitiu que Edmar tivesse acesso a motos melhores. No ano seguinte, foi campeão brasileiro da categoria 350 Especial com uma Yamaha TZ. Heitor, entusiasmado, decidiu financiar um passo ousado: a ida de Edmar para o Campeonato Mundial.
No primeiro ano, 1975, Edmar dividiu equipe com Adú Celso. Criou-se entre os dois uma grande rivalidade, que jamais afetou o bom relacionamento fora das pistas. “Havia uma diferença cultural e financeira gigantesca entre nós, mas nos respeitávamos muito. Quando fui para o Mundial, o Adú já tinha três temporadas de experiência e me ajudou muito. Sem a ajuda dele, minha participação não teria sido possível”, reconhece Edmar. Em duas temporadas completas, Edmar foi um entre dezenas de pilotos particulares que tentavam algum bom resultado contra as equipes de fábrica. Conquistou um quinto lugar na categoria 750 (na Tchecoslováquia, em 1976), um sexto na 250 (Alemanha, 1975) e um oitavo na 500 (Suécia, também em 1975).
A partir de 1977, Edmar passou a correr no Brasil e conquistou títulos nas categorias 350 Especial (1977, com uma Yamaha TZ) e Esporte 800-1300 cm³ (1980, com uma Honda RCB 1000). Nesse período, disputou as 24 Horas de Bol d’Or, em Paul Ricard (dois quintos lugares, em 1977 e 1978, em dupla com Walter “Tucano” Barchi), e de Le Mans (terceiro em 1979, também em dupla com Tucano). Em 1981, Edmar passou para o automobilismo, correndo em categorias como a Stock Car e o Brasileiro de Marcas até meados da década de 1980.
Depois de parar de correr, Edmar continuou conciliando a pilotagem de aviões com atividades ligadas aos esportes a motor. Mas evita grandes envolvimentos com motocicletas: “Sou apaixonado demais e tenho uma saudade muito grande de quando corria. Lembro muito da emoção da vitória, das disputas, do trabalho envolvido, da adrenalina nas alturas… Eu me concentrava tanto antes de uma largada que parecia uma bomba prestes a explodir. Tudo parecia um sonho. Sempre corri para ganhar, mas diante de tudo isso o resultado na bandeirada era apenas um detalhe para mim”.
Dos tempos de piloto de moto, Edmar preserva seus muitos troféus e uma garrafa de champanhe. “Comprei esse champagne no free shop na França, depois do quinto lugar na Bol d’Or de 1977. Falei para o Tucano que ela seria aberta somente quando ganhássemos a Bol d’Or”, relata. “Evidentemente, a garrafa permanece fechada, mas continua guardada lá em casa…”, finaliza.