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- Author: motostorybr
- Posted: August 9, 2018
- Category: Histórias
- Tags: Alemão Pneus, Mauro Letizia, Moto Remaza, Motorcycle Culture, Motostory – A História da Motocicleta no Brasil, Oi Nêga Content, Pix Haus, Riffel Motospirit, Veteran Motorcycle Club do Brasil, Wladimir Candini
Mauro Letizia (PixHaus) e Motostory
Conheci Mauro Letizia em 1969 ou 1970, logo depois do nascimento da minha irmã Flavia. A chegada da “baixinha” obrigou o casal Carlão e Lídia Coachman a se mudarem para uma casa maior na Rua Tabapuã, no Itaim Bibi em São Paulo. Na casa ao lado vivia a família Letízia, os pais Antonio Letizia Filho e Dna. Elisa Maria Blois Letizia com os três rebentos Mauro, Marcelo e Murilo. Fomos vizinhos durante anos, praticamente toda a nossa primeira infância, com milhões de histórias típicas de crianças pequenas. Aprendemos a andar de bicicleta juntos, vivíamos pulando o muro de uma casa para a outra e tínhamos no quarteirão nosso play ground. A Tabapuã ainda era uma rua tranquila e de pouco movimento, e não a loucura que é hoje.
A vida seguiu adiante e acabamos nos mudando de lá. Os Letízia ficaram por anos e aquele imóvel, hoje alugado para uma empresa, ainda pertence a eles. Mas, como as boas amizades forjadas na infância, mantivemos contato ao longo dos anos, ora mais próximos, ora mais distantes. O que naquela época eu não poderia imaginar é que, por conta das histórias de nossas famílias, teríamos muito mais em comum para compartilhar à medida que nossos gostos se desenvolviam ao longo de décadas.
Praticamente desde o surgimento do Motostory e antes um pouco, Mauro vem acompanhando nosso trabalho. Quando anos atrás fui dividir com o amigo meus planos para o Motostory e pedir alguns conselhos profissionais, ele era o VP de Criação e Sócio de um dos maiores grupos de comunicação digital do Brasil. Encantado com o Motostory, me passou preciosos conselhos e dicas, mas sua posição na época não deixava tempo de sobra para trabalharmos juntos, e eu não poderia contratar a poderosa agência.
Mas, para minha felicidade, no ano passado recebi um telefonema: “Carlão, me desliguei da agencia e criei uma nova, menor, mais boutique, e quero trabalhar com o Motostory. Quando começamos?” Assim, Mauro Letízia e sua nova agência, a PixHaus, tornaram-se parceiros importantes nesta nova fase do nosso projeto.
Portanto, apresento a vocês um pouco mais sobre o amigo e o profissional que agora integra a equipe do Motostory.
Vai ser fácil entender a razão pela qual estamos finalmente juntos.
O Profissional
Mauro Letizia formou-se em Comunicação pela ESPM em 1986 e tem 35 anos de experiência em comunicação digital, atuando sempre na área de criação e direção de arte. Em 1987 fundou a Oficina Algorítmica, uma das primeiras agências de marketing digital do país, adquirida em 2000 pelo Grupo Omnicom, onde atuou como Vice-Presidente de Criação Digital por 16 anos. Ao longo de sua carreira, trabalhou para grandes marcas como Nestlé, General Motors, Avon, Accor, Warner Music, Bayer, Banco Itaú, Citroën, Nokia, Phillips, Vivo, Pepsi, Pfizer, Nycomed, Roche, HP, Volkswagen, Mastercard, Shell, BMW, Mini e P&G, entre outras. Mauro é ganhador de diversos prêmios, como Gramado, ABANET, ABEMD, iBest, DMA, Amauta, LIAA e Cannes.
E nem precisa dizer que as contas que ele mais curtiu trabalhar foram GM, Volkswagem, Citroën, BMW carro, BMW moto, MINI e Clube Irmão Caminhoneiro Shell.
Mauro colaborou também com a organização inicial do acervo da Família Senna quando da formação do Memorial Ayrton Senna.
Mauro Letízia por Mauro Letízia
“Sou aficionado por mecânica, principalmente aquela que trata de objetos com rodas. Se tiver motor então! Aí é o paraíso. Isso desde que nasci.
Meu pai me contava que quando eu era bem pequeno, quando nem falava direito as palavras, ele me colocava no colo e sentados no terraço de casa em frente a rua, eu de costas para a rua, adivinhava que carro estava passando apenas escutando o barulho do motor. Ele falava que eu não errava um. Temos que concordar que era bem mais fácil reconhecer os sons dos motores daquela época: Fusca, Aero Willys, DKW… mas ele me dizia que o que chamava mais atenção é que eu diferenciava o Fusca da Kombi! E Aero Willys eu falava “Willy Willy”. Essa história prova o vício nato por mecânica. Para entender um pouco a razão desta paixão por rodas e motores, fui olhar um pouco para a história da minha própria família.”
Meu avô Victor, em foto de 1939
“Motivado pela chegada do Carlãozinho e do Motostory, fui vasculhar os guardados da família e achei esta foto de meu avô, por parte de mãe, Victor Luis Blois. Na foto, de 1939, ele aparece com sua Harley Davidson 1930, Model B de 350c. Ele era mecânico e morava em Interlagos, perto de onde mais tarde surgiria o Autódromo. Lá, ele trabalhou algumas vezes na preparação de carros de corrida.”
Viagem do meu pai para Brasília – 1959 – Antonio Letizia Filho
“Meu pai tinha um grupo de amigos lambretteiros que sempre iam para a praia pescar ou simplesmente passar o fim de semana, normalmente para Santos. Isso era bem frequente. Era um grupo de aproximadamente 10 amigos.
Em 1959 surge a ideia de fazer uma viagem longa, e “checar” a construção de Brasília pareceu interessante para todos. Marcaram uma data para sair e sem muita organização, cada um foi se preparando. No dia da saída, apenas 2 cumpriram o combinado, meu pai e o João “Balaio”. Mas para uma viagem dessas, penso que sozinho é ruim, mas com um amigo já é garantia de uma boa viagem.”
“Saíram então para uma viagem que duraria 13 dias, com a maioria do trajeto sendo de estradas de terra e cada um dos viajantes com sua Lambretta LD 1958 e seus aros de 8 polegadas! Imagine isso em estradas de terra!”
“Um problema não raro nas Lambrettas dessa época é quebrar a “cópia cônica”, uma engrenagem do cardâ das LDs, quando expostas a um esforço maior, que era o caso por causa das estradas de terra. Quebrou uma da Lambretta do João, e como era um problema conhecido, tinham umas na bagagem. Deram um jeito de arrumar na estrada, mas para poder voltar com segurança para São Paulo foram até a oficina “Lambrettécnica” em Brasília para conferir o serviço com um profissional.”
“O mais curioso foi meu pai relatar a viagem, em poucas palavras: “Foram 13 dias de viagem, com muita estrada de terra. Chegando lá, vimos tudo em obras, Catedral, Palácio do Governo… tá bom né, João? Vamos voltar?” Acho que o melhor em muitas viagens é mesmo o caminho. E a aventura.”
“Certamente foi por isso que passei toda a infância em cima de uma bicicleta, sem nem pensar em colocar uma bola de futebol na minha frente. Aliás, até hoje não me peçam para chutá-la… não sei como é isso e sei que vai dar errado. Já tentei.
E as coisas foram seguindo a ordem natural, depois de muita bicicleta, veio um presente, com motor, do meu pai: uma Garelli! Isso em 1977. A partir daí, com o fruto do meu primeiro trabalho em 1982, comprei uma Lambretta MS 1974, restaurei-a e foi meu veículo de uso diário por 5 anos! Me levava para todos os lugares, trabalho, faculdade e passeios. Até para a praia ia com ela. Tenho guardada até hoje, em perfeito funcionamento. Depois veio um DT180, uma Xl250R, Um XLX350, Ténéré600… não vivo sem duas rodas. É meu meio de locomoção diário e de viagens.”
Na coleção de Mauro está uma BMW R71 de 1939, uma moto rara por ter sido produzida quando se iniciava a II Guerra Mundial. Como muitas acabaram sendo usadas durante a guerra, poucas sobreviveram. Esta também foi a última BMW produzida com válvula radial e cabeçote Flat Head.
“Minha paixão por motores e rodas acabou me levando a construir uma pequena coleção de carros, motos e bicicletas. Tenho algumas coisas bastante interessantes, mas uma delas chama bastante atenção. Comprei a BMW R71 do pai de um amigo em 1990. Naquela altura não se valorizava os antigos como hoje e o Sr. Fioramente, pai do Ricardo, já tinha desistido de usá-la depois de muito rodar pelo Brasil. Ele gostava muito da R71 e chegou inclusive a mudar sua pintura original. O desenho novo, criado por ele, ficou lindo e resolvi que deixaria como está até um dia, quem sabe, restaurar. O curioso é que, antes que eu comprasse a moto, ela ficou sob uma mangueira, em Pedro de Toledo, cidade próxima a Peruibe, por mais de 3 anos. Um amigo tinha usado a moto e sofrido uma queda, quebrando vários itens dela. Desgostoso, a moto acabou abandonada até que um dia consegui comprá-la.”
“De repente, um amigo que conheço desde os meus 5 anos de idade, aparece com uma ideia criada com seu pai e que me soou como uma música, daquelas que se gosta muito: Carlãozinho com o Motostory! E sua paixão por motocicleta 100x maior que a minha! Opa, acho que não… 1000x maior! Carlãozinho me contagiou com sua paixão nata, ou melhor, do seu DNA familiar, e nossa parceria que sempre foi fraterna agora se estendia também na profissão.
“Por isso, eu também sou Motostory, e bora contar e mostrar a história da motocicleta!”