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- Author: motostorybr
- Posted: December 20, 2018
- Category: Eventos
Fórmula Honda, 40 anos depois!
Vamos por partes, como diria aquele inglês… como ele se chamava mesmo? Jack!
Quando a Fórmula Honda foi apresentada em 1978, eu ainda não tinha completado meus 13 anos, mas já andava de moto há algum tempo e estava seduzido pelo ambiente. Já ia a Interlagos com o pai e já tinha sido apresentado ao Tio Eloy (Gogliano), e inclusive conhecia a sala dele, no Centauro, lá na São João. Também tinha na memória a figura daquele cara grande e barbudo chamado Abdala (1). Sabia que ele era algum tipo de chefe. Ele e um tal de Zé Galinha (Carlos Paes de Almeida), além do Eloy, foram os primeiros a abrirem espaço para o Carlão no Centauro, na FPM e CBM. Por isso, olhar para os documentos da época provocam um sentimento diferente daquele que aflora quando encontro com outros, mais antigos. Uma foto ou reportagem rara, de 1900 e pouco, emociona bastante, mas as suas próprias lembranças de criança, emocionam diferente. Ah! Detalhe: Na galeria de imagens o regulamento da FH em 1978.
Aí, o tempo passa, e vários outros personagens daqueles tempos vão aparecendo na sua vida. Passam a fazer parte. Por coisas assim, vou me estender um pouco na matéria de hoje para falar de pessoas e do significado do Encontro Motostory, realizado na e com o patrocínio da Moto Remaza, com o apoio da Riffel e do Alemão Pneus no dia 8 de dezembro de 2018.
Para ajudar a falar destas pessoas, abaixo uma das imagens que mais marcou o dia, quando reunimos pilotos, autoridades e membros das equipes da época e de hoje, para uma foto. Muito mais gente legal estava lá, mas esta foto reúne aqueles que de alguma forma participaram do lançamento da FH. Falta ai apenas o Antonio Sequeira, responsável técnico da categoria e que chegou poucos minutos depois da foto.
Na foto acima, a lista de parte dos presentes: 1. Wilson Abdala, 2. Gilberto Suzuki Penteado, 3. Ciganinho e Erick Adib, 4. João Carlos Barreiros, 5. Waldir Carmona, 6. Wilson Yasuda, 7. Mario Tamburro (escondidinho), 8. Rogério Moreira, 9. Agnaldo Charuto Serra, 10. Gadó, 11. David Takeo “Respect”, 12. Vail Paschoalin, 13. José Cohen, 14. Juvenal Nogueira, 15. Alexandre Zaninotto (Moto Remaza), 16. Carlãozinho Coachman (Motostory), 17. Josias Silveira, 18. Dudu Machado, 19. Paulo Salomão Nicholau, 20. Antônio Contreras, 21. Gilberto Donini, 22. Luiz Ventrilo, 23. José Gonsalves, 24. Edu Zampieri, 25, Gustavo Ceccarelli, 26. Ruy Nakaya, 27. Sidney Scigliano, 28. Paulo Mansi, 29. Marcos Morruga, 30. Zé Testa, 31. Santo Feltrin, 32. Arthur Costa, 33. Marcos Pasini, 34. Rivalino Santana, 35. Roney Marcos Moreira e 36. João da Light (Embaixador Motostory).
Da lista de pessoas envolvidas no lançamento do evento, tenho forte na lembrança aqueles que citei acima. No final dos anos 70, marcaram minha memória Denísio Casarini, Adu Celso, Edmar Ferreira, Paulé e Tucano na velocidade. No Cross foram Nivanor, Boettcher, Scateninha e Moronguinho. Agnaldo Charuto Serra também já fazia parte da minha memória desde aquele tempo. Pequenino, “Já era um monstro como mecânico e um piloto e tanto” dizia meu pai. Me lembro da primeira vez que o encontrei, junto com meu pai, e o vi segurar uma moto ficando de pé ao lado dela. Engatava primeira, acelerava e soltava a embreagem, para então correr ao lado dela e montar. Ao parar no sinal vermelho era obrigado a pular fora da moto. Na maioria das vezes não dava pé.Como esquecer.
Desta turma lá de cima, pouco mais velhos do que eu, lembro do conjunto, lembro da corrida, mas… de 1978… confesso que não era para onde eu, um legítimo pré-adolescente, olhava.
Na virada dos anos 80, vários desta lista começaram a entrar na minha vida em relacionamento direto, pessoal. Josias Silveira (17) era o chefe da Revista Duas Rodas quando Roberto Araújo me convidou para participar. As fotos eram todas feitas por Mario Bock. Minha carta de moto tirei com Wilson Yasuda (6), que coordenava a Escola de Pilotagem da Honda. Acabara de completar 18 anos, fazia apresentações de moto para a Honda, e ele me disse: “Já tirou sua carta? Não? Então apareça lá na Honda que eu vou fazer a sua papelada. Paga o exame médico e faz a prova, porque andar de moto você já sabe, né Carlão!” Disse olhando para o meu pai.
Logo depois foram os irmãos Feltrin, Santo (31) e Cecílio… que entraram na minha vida, eu subindo de moto nos carros e eles dois empinando em uma só moto, fizemos apresentações em vários eventos e autódromos, dentre eles Jacarepaguá, no Rio, em um dia memorável de arquibancadas cheias e sol a pino. Detalhe: De lá pra cá Santo sempre esteve por perto, foi o Campeão de 1981 da FH, um dos primeiros a aceitar o desafio do Motostory (jamais esquecerei disso) além de uma carreira brilhante como piloto, ainda é revendedor e o mentor da carreira de Eric Granado. História segue sendo escrita.
José Cohen (13) estava no Projeto H quando pegamos a XL 300 (criação deles) para teste na DR. Seria minha primeira capa. “Cuidado Carlãozinho e Mario Bock. Esta é a única que temos pronta!” A foto da capa ficou espetacular, mas 1 segundo depois da foto eu cai e amassei o cantinho do tanque. E para devolver para o Zé?
Bom, como o cara é da moto, apesar de ficar bravo, ele entendeu. Não é Zé??? De vez em quando não dá pra segurar.
Milton Cigano Adib e Sidney Scigliano eu descobri recentemente que, juntamente com o Ryo Harada, eles devem ter cada um uns 170 anos de vida. Os caras já eram excelentes pilotos naquele tempo… começaram muito antes na verdade, e continuam sendo excelentes pilotos e absolutamente ativos no meio até os dias de hoje. Cigano que, entre outras coisas foi um mestre, nos deu seu filho, Ciganinho (3), que é ainda mais artista do que o pai… foi piloto também.
Já o Waldir Carmona (5) (olha o sobrenome do cara) é um daqueles personagens de que se tem referência a vida toda, e que praticamente toda vez que eu ia para Interlagos acabava encontrando. Além disso, foi também um bom amigo do pai. O Gadó (10), quem diria, também correu na FH, mas só nos encontramos de vez na época da Nacar, lá em Pinheiros. O Mamão, irmão dele, chegou a frequentar minha pista de cross lá em Itapecerica da Serra, no Parque de Esportes Lídia Coachman.
O Dudu Machado (18) apareceu cedo pra mim. Foi ele o criador da Honda FS (FuoriStrada) lá na Moto Jumbo, perto do Aeroporto de Congonhas. Uma trailzinha “Made in São Paulo” claro que chamou a nossa atenção. E não é que o pai já conhecia o cara também. Anos mais tarde Dudu me ajudou com a preparação da minha Montesa Cota 349 de Trial, quando eu competia no Brasileiro. Ele e Gualtiero Tognocchi. Dudu na Lapa e Gualtiero lá na Cetemo, em Pinheiros.
O Gilberto Penteado Suzuki (2) conheci em meus anos de Revista Motociclismo, bem mais recente. Quem me apresentou ele foi o Luis Carlos Braga, o Braguinha, que também foi ao evento. O Vail Paschoalin (12) fui “descobrir” já como o pai do Rafa, que me foi “oferecido” para ajudar na revista pelo Sergio Quintanilha, então sócio da Motorpress Brasil, para que eu desse “uma ajuda” ao moleque, filho do preparador de kart dele… “Ela anda meio perdido mas quer trabalhar com moto e nem sabe como. Dá uma chance para ele.” – me disse o Quinta. Foi assim que o Rafael Paschoalin (e o Vail) entraram na minha vida.
O Edu Zampieri (24) e o Gustavo Ceccarelli (25) , pilotos de edições mais recentes da FH, foram diferentes. Gustavo conhecia bem o Carlão, pois o pai chefiava vistorias técnicas e direção de prova quando ele iniciava sua carreira. Fomos ter contato pessoal mais tarde, quando meu pai faleceu e ele me mandou uma carta emocionada para a revista, contando uma história sobre o Carlão e o Gualtiero, uma ajuda em Interlagos e como os dois conheciam as histórias dos Ceccarelli que hoje o Motostory está divulgando. (Veja uma historinha de Ceccarelli em https://www.facebook.com/motostory.br/videos/340182796799877/ )
O Edu (Minhoca para os amigos) tinha voltado dos EUA, feito cursos de pilotagem por lá, e queria entrar na imprensa especializada. Já nos conhecíamos do cross, mas na revista não havia espaço naquela época. “Perdemos” o cara para a Revista da Moto! mas nunca perdemos a amizade… muito pelo contrário. Daquelas ligações que a moto faz com a gente. Antes de virar o homem de testes de pneus da Pirelli, Edu foi também editor da própria Motociclismo algum tempo atrás.
Não me lembro quando foi que vi o Ruy Nakaya (26) pela primeira vez na minha vida, sei que faz tempo… muito… mas saber que ele também estava na FH não foi exatamente uma surpresa. Ruy passou anos a serviço da Honda e por ser um motociclista nato, a empatia entre nós foi imediata. Hoje, o mercado ainda desfruta de todo seu conhecimento, já que ele agora integra os quadros da Abraciclo, assim como Yasuda.
Do Antonio Sequeira, que está na foto de cima (entre Ruy e Yasuda) e abaixo pilotando aos lado de Josias Silveira na apresentação da categoria, também conheci em seguida. Com ele à frente das equipes de competição da Honda fizemos muita coisa. Ele é até hoje um exímio piloto e não à toa foi Campeão Brasileiro de Velocidade, pilotando a icônica Honda MT 125 de 2T fabricada pela Cetemo de Gualtiero Tognocchi. Sim, você leu certo… ela era fabricada na Cetemo, uma verdadeira moto de competição brasileira. Andamos muito de moto juntos, fizemos apresentações e provas de trial, fomos a diversas corridas de motocross e com ele acabei amigo também do Pimenta (Alvaro Cândido Filho – O Paraguaio).
Ainda sobre esta celebração, sem Marcos Pasini e Ricardo Pupo (Motos Classicas 70), Wel Calândria (Classic Riders Brasil), Mauro Letízia (Pix Haus) e Ricardo Gizzi e Wladimir Candini (Oi Nêga! Content) e José Luiz Gonsalves e os embaixadores Wilson Yasuda e João da Light), as coisas não teriam saído tão legais como foram. Thanks!
Mas porque eu escrevi isto tudo? Para mostrar como uma iniciativa ampla e democrática como a da Fórmula Honda, em 1978, ofereceu inúmeras oportunidades a diferentes pessoas. E como, com o passar dos anos, estas oportunidades se multiplicaram em infinitas histórias. Assim como eu, que estava lá a passeio com meu pai, cada pessoa que você aborda, uma infinidade de histórias afloram para serem contadas. Muitas lendas também! Mas é para isso, e por isso, que fazemos o Motostory.
Agora, existem os fatos, e as lendas…
Das lendas ou fatos, muito falou-se da transferência de potência pela rabeta ou pelo macacão, e também dos antídotos: a graxa debaixo do para-lama e ou o silicone no macacão. Lenda era que o Zé Cohen salvou a derrapada… fato é que não deu! Fato é que o Mansi empinou a FH na largada, fato ou lenda é que foi de propósito… ele jura que é fato, então vamos assumir como tal.
Fato 1: Cigano Adib não assinou sua ficha de inscrição da APM em março de 1978. Fato 2: Carlãozinho recuperou a ficha e Wilson Abdala cobrou a assinatura 40 anos depois, em 8/12/2018.
Fato 3: Mario Tamburro (que teve uma enorme carreira depois da FH) e milita na velocidade até os dias de hoje junto com seu filho, foi o vencedor da primeira prova.
Mas, o fato é que, em 1978, primeiro ano de um campeonato apenas regional (era parte do Campeonato Paulista), o Campeão da primeira edição da Fórmula Honda foi Antonio Emílio.
Em 1979 (já Campeonato Brasileiro) o Campeão Paulista e Brasileiro foi Paulo Mansi:
Em 1980 o Campeão Paulista e Brasileiro foi Almir Donato:
Em 1981 o campeão invicto foi Santo Feltrin:
Em 1982 o Campeão foi Ivo Vieira Neto:
E, finalmente, a última temporada da Fórmula Honda 125, em 1983 teve como campeão Antonio Paeologo:
Para comemorar tudo isso, só juntando a turma, 40 anos depois.
Obrigado a todos em um ótimo 2019 para nós!